O David, quando nasceu, ficou internado nove dias no Serviço de Neonatologia da Maternidade Alfredo da Costa (MAC). Durante esses nove dias, utilizei as salas para extracção de leite que existiam no hospital. Hoje, no meu passeio matinal, veio-me à memória esses tempos...
As mães que tinham bebés internados, utilizavam as referidas salas onde existiam vários extractores de leite materno ("bombas"), sendo-lhes fornecido um kit (a parte do extractor que tem contacto com o leite materno) para cada utilização.
Lembro-me de como me fez confusão, nas primeiras vezes, o facto de me ver naquela situação, com outras mães, utilizando em simultâneo a sala. O acto de extrair leite parecia-me algo intimo e sentia-me constrangida por o estar a partilhar com pessoas que não conhecia. Aquilo parecia-me mais uma ordenha e remetia-me para um conteúdo "animal" que eu, na altura, desconhecia.
Hoje, sinto que a amamentação é "animal" na sua essência e, tal como não me constrange amamentar em público, imagino que também não me incomodaria extrair leite junto de pessoas desconhecidas.
Com a habituação (ao fim de dois dias já estava habituada), comecei a perceber o quão importante era aquela partilha de espaço com outras mães, na mesma situação que eu. O que era inicialmente apenas uma partilha de espaço, passou a ser também uma partilha de experiências, de medos, de alegrias e de tristezas. Quantas vezes aproveitei para chorar (muito) naquelas salas, longe do meu marido (a quem também tinha de dar força), junto de outras mães, que me apoiaram, me ampararam, me deram força e me fizeram acreditar.
Por isso, considero as salas de extracção de leite dos Serviços de Neonatologia (desconheço se existem noutros hospitais) de extrema importância no apoio à amamentação de bebés prematuros, mas também no apoio às mães de bebés prematuros. Deveriam chamar-se "Salas de Mães".
E mais uma vez, obrigada MAC.
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