terça-feira, 22 de novembro de 2011

Amamentar - Uma decisão?





Quem decidiu, ainda durante a gravidez (na primeira gravidez), que iria amamentar, com toda a certeza, o seu filho, levante o braço?... Não conheço ninguém. Quando se pergunta a uma grávida se irá amamentar, ouve-se normalmente respostas do género: "Eu quero, vamos ver se corre bem...", ou "espero que sim, vamos ver se consigo...". Eu disse isto e a maioria das pessoas que conheço também.

A nossa cultura leva-nos a acreditar que amamentar, ou não, depende da sorte, da qualidade do leite, das competências da mãe (o número de casos à nossa volta em que amamentação não passa dos primeiros meses também não ajuda). Nada de mais errado. Depende essencialmente de dois factores - do aconselhamento adequado por parte dos profissionais de saúde e da vontade da mãe, claro.

O pediatra Carlos Gonzalez refere, num dos seus livros, esta mesma questão. Segundo ele, é raríssimo uma mulher dizer, na sua primeira gravidez, que irá amamentar, sem sombra de dúvidas.

Estas dúvidas levam a que se gastem rios de dinheiro em bens que, na maioria dos casos, são completamente dispensáveis. Ora bem, eu comprei: muitos biberãos (disseram-me que deveria ter de várias marcas, para o caso de o bebé não se adaptar às tetinas) e chuchas (várias também, pelo mesmo motivo). Num rasgo de lucidez, não comprei esterilizador e aquecedor de biberãos. Também não adquiri toda a panóplia de coisas associadas à amamentação: bicos de silicone, toalhetes para desinfectar os mamilos, bomba extractora de leite.

Quando o David teve alta, 9 dias após o seu nascimento, vinha registado no seu boletim de saúde: aleitamento materno em exclusivo. No entanto, mais uma vez por influência da sociedade, no momento da alta, perguntei à enfermeira qual a marca de leite artificial que deveria ter em casa, para o caso de "algo correr mal". Ela respondeu-me, com um sorriso; "não vai precisar, por isso, se quer comprar, compre uma qualquer que é tudo igual". A caminho de casa, parámos numa farmácia para levar o referido leite. Nunca o usei.

Nas nossas primeiras férias a três, tinha o David 3 meses, ao fazer as malas, não conseguimos não incluir a dita lata de leite e um biberão, "só para o caso de...". Saliento que a amamentação estava a correr muito bem.

Nas segundas férias a três, já com 6 meses de filho e de amamentação, olhei para o meu marido e perguntei: "levamos a lata de leite?". Começámos os dois a rir. Só aos 6 meses senti a confiança suficiente para ter a certeza de que não acontecem "coisas misteriosas" durante a amamentação que levem a que o leite materno acabe ou "deixe de alimentar".

Na próxima gravidez já não vai ser assim...

6 comentários:

  1. A Marília teve uns quantos... emprestaram-me. Mas nunca cheguei sequer a comprar as tetinas!

    Mas sim, tive todas as dúvidas de que falas, antes da gravidez, mas quando percebi o "poder" da mama, permiti-me ouvir-me apenas a mim e à minha princesa:) correu muito bem!

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  2. olha eu foi "ao contrário" sempre disse com toda a certeza que queria amamentar e não comprei nada que tivesse a ver com LA, mas tinha algumas biberões que me deram, de priminhos! E dps quando o meu filhote nasceu não sabia mamar (n tinha desenvolvido o reflexo de sucção), e ainda demoramos a "entrar no ritmo". Cheguei a usar os tais mamilos de silicone e cheguei a dar suplemento (mas só durante um fim de semana e logo nos primeiros 15 dias). No entanto, depois desde episódio foi LM em exclusivo até aos 6,5 meses! e agora com quase 1 ano continua a mamar!

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  3. Eu meti na cabeça que tinha que amamentar "porque isso é que era natural". Ou seja, não comprei nada para LA e comprei mamilos de silicones, conchas e discos. E fiz perguntas e mais perguntas e li muito! Mas tinha 1 ideia romantizada da amamentação!!!Quando o meu filho nasceu, não sabia mamar e eu tinha mamilos rasos e não tinha sensibilidade mamária. Resultado, ao longo da primeira semana, após 1 hora ao peito em que não mamava, tinha que beber LA. E foi uma primeira semana de aprendizagem para nós os 2 (em que acabei por comprar biberões)! Ao fim de uma semana e de uma crise de cólicas, arrumei tudo e foi a partir daí LM (ainda hj com 13m). Lembro-me de estar agarrada à bomba para estimular e de o ver beber pelo biberão e sofrer... E lembro-me da primeira sopa e igualmente sofrer. Passei por mastites, fissuras nos mamilos (o meu filho já bebeu leite "com groselha"), candídiase,... Por isso, acredito que o leite "vem da cabeça". E que sim, é uma decisão!!! Fácil de tomar, díficil muitas vezes de levar a bom porto. Eu tive sorte porque ao longo da primeira semana, tive sempre ao meu lado quem me ensinasse e me apoiasse. Gosto muito do seu blog. Sinto empatia pela forma como encara a maternidade. Micas

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  4. Julgo que nunca afirmei de forma perentória "Vou amamentar", mas acreditava que o ia fazer com mais ou menos dificuldade. Durante a gravidez li bastante sobre o assunto, e acho que isso nos dá confiança e nos ajuda quando precisamos calar quem nos quer fazer crer que algo está errado. Também não comprei um único acessório de amamentação durante a gravidez, apenas soutiens e discos de amamentação. O biberão que tenho foi oferecido, e por acaso já foi usado (quando fui à consulta de revisão para o parto e não sabia se estaria livre quando a bebé quisesse mamar), mas com o meu leite.
    E felizmente já lá vão 3 meses só de maminha, e sem qualquer greta, mastite ou outro desconforto. Apesar disso ainda há quem ache que se um bebé de 15 dias ao fim de 1h30 ou 2h chora a pedir mama é "porque a mama é fraca, não a satisfaz", e depois ao fim de 3 meses sempre a amamentar e com uma bebé até agora saudável e sem nunca ter tido qualquer problema ainda há dias me disseram "se fosse um rapaz já não amamentavas!" (santa ignorância!)

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  5. Isto de viver na aldeia só tem benefícios "aquela pressão da sociedade" que falas quase não existe...existe o conselho da avó, da mãe e por isso não tive duvidas que iria amamentar com toda a certeza...não comprei nada...mas as coisas não correram como imaginei e depois de um parto que nem é bom lembrar, que culminou com uma cesariana de risco, a "mama" não tinha leite...chorei tanto :) mas parece que é situação mais ou menos normal em situações estremas...ao fim de 3 dias e depois de muita estimulação artificial que me gretou os peitos todos a minha princesa começou a mamar e nunca mais bebeu leite artificial...mas as duvidas de 1ª viagem são tantas e quando existe alguma pressão é mt fácil ceder e comprar para prevenir, etc...no meu 2º filho que tem agora 9 meses confesso que comprei uma chupeta que ele não usa apenas porque a mana mais velha fez tanta questão de lha oferecer como 1º presente :)

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  6. Eu concordo com a maioria do que dizes mas não sou tão extremista...
    Eu sempre disse que queria amamentar mas sempre aceitei que pode não resultar. Felizmente que aceitei porque senão tinha sido uma grande desilusão. O meu filhote nasceu prematuro de 31 semanas e por isso mesmo não sabia mamar... Com muita estimulação tanto com o biberão pelas enfermeiras, como com a mama por mim ele demorou 2 meses a aprender a mamar no biberão (sempre do meu leite) e 3 meses a mamar na mama e graças ao mamilos de silicone. Muito me disseram para não os usar que ele nunca mais apanhava a mama mas não foi isso a acontecer. Hoje ele mama na mama, mama no biberão se for preciso, tem chucha e já tem 8 meses. Não acho que os biberões, chuchas, mamilos de silicone sejam inimigos da amamentação. No nosso caso foram extremamente importantes. Principalmente no caso de um bébé prematuro que ficou 2 meses internado. Foi preciso muita paciência mas dou graças aos biberões que amamentaram o meu filho enquanto ele não sabia mamar, e as chuchas que lhe deram conforto quando a mãe e o pai tinham de ir para casa à noite e ele lá ficava sozinho naquela incubadora...

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