quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O mundo secreto dos pediatras




O pediatra é um médico. Com um médico trata-se, na minha opinião, de assuntos do âmbito da saúde.

Seguindo este princípio, não consigo entender a razão pela qual (quase) todos os pediatras debatem (e opinam), nas suas consultas, com os pais, temas como: o local onde as crianças dormem (no quarto dos pais, na cama dos pais ou na sua própria cama e no seu próprio quarto), as rotinas antes de ir dormir, a atitude dos pais face às birras, etc. Não percebo.

Eu formei-me em psicologia e, por isso, não tenho conhecimentos de medicina. Um pediatra (parece que) tem conhecimentos sobre tudo. Tenho uma amiga que levou o seu bebé a um espectáculo de música e o bebé adorou. Então, perguntou ao pediatra se deveria inscrevê-lo em aulas de música. O pediatra disse que sim, dado que provavelmente a criança teria alguma apetência para essa área. E pronto, qualquer dia os pediatras também decidem aquilo que nós vamos fazer com os nossos filhos nos fins-de-semana.

Fico sempre incrédula quando oiço alguém dizer, mesmo que por brincadeira: "Ai se o pediatra dele sabe disto!".

No mundo secreto dos pediatras, existe outra particularidade que não consigo entender. Prende-se com o facto de, a grande maioria, continuar a dar orientações aos pais que vão contra as evidências científicas. Passo a citar algumas dessas orientações:

- Está a perder peso, vamos dar-lhe suplemento (amamentar a pedido e corrigir a pega não lhes passa pela cabeça);

- Está a perder peso (ou não está a aumentar o "esperado"), vamos introduzir os sólidos(toda a gente sabe que os legumes engordam mais que leite gordo);

- Aos 6 meses (ou com um ano, na melhor das hipóteses), o leite da mãe "já não traz vantagens" (mas o de vaca traz muitas!);

- Não dar mama durante a noite, para aprenderem a dormir a noite toda.

Haveriam muitas mais, sendo que cada uma delas merecia um post exclusivo.

O  mais curioso é que os pediatras dão quase todos (claro que há excepções) estas mesmas orientações aos pais. Será que se juntam todos, à noite, numa casinha, para combinar estas coisas?




7 comentários:

  1. Há pediatras e pediatras e devemos escolher cuidadosamente quem nos vai orientar...Com a minha primeira, caí nas asneiras que os pediatras gostam de recomendar (suplemento, introdução de sólidos aos 4m) mas agora com a segunda filha já não vou por esse caminho porque aprendi a fazer escolhas informadas. Acho que o importante é fazermos uma escolha informada!

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  2. A minha sorte é que o meu pedi nao é nada assim. Deve ainda ser dos raros :)

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  3. Creio que muitas vezes a culpa é dos pais. Não são suficientes seguros de si, e precisam ( ou pensam precisar)da orientação de alguém. E como já não seguimos os conselhos da sogra ou da mãe , seguimos os conselhos do " Sr. Doutor".
    Uma vez comentei com alguém que praticava o co-sleeping, a reação foi: " E o teu pediatra deixa?"... Podia ter dito "desaconselha", mas disse "deixa"...
    Os pediatras educam os pais que educam os filhos.

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  4. Mas a questão aqui não se deve prender á sorte!
    Por isso é importante a escolha do pediatra tendo em conta as nossas convicções e portanto daí surge a seletividade!
    Para ser sincera, de momento não tenho pediatra. Felizmente, até ao momento, não me fizeram falta e a carteira agradece e essa questão não me tira o sono, de modo algum.

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  5. ah!ah!ah!bem observado, é mesmo assim que eu os conheço.Até parece que amamentar é algo arriscado e desvantajoso.Claro que a mãe fica insegura...estará a dar o melhor ao seu filho?
    (afinal é o senhor doutor quem duvida)
    O percentil é uma média, haverá sempre uns mais acima outros mais abaixo, o importante é o equilibrio peso /altura, sem alterações bruscas(que devem ser investigadas).

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  6. a formação em amamentação em medicina é aquela que é: escassa. isso justifica as recomendações que são na generalidade iguais.

    em relação ao resto, é natural que os pais perguntem e tentem partilhar com os pediatras, ou médicos de família, ou quem segue a família, o que fazem. deveria caber ao médico abster-se de fazer julgamentos, e dar uma ideia das opções possíveis. mas os médicos são gente desta realidade, não são dum mundo diferente (e melhor).

    mónica pina

    porquê então ter um médico de referência? porque por vezes pode ser útil confrontar-se com alguém que nos dá uma mãozinha, que nos ajuda a ver mais objectivamente nas nossas preocupações, e que por vezes identifica erros, porque eles existem. as mães são as experts dos seus filhos, mas não são infalíveis, são humanas. querem exemplos? eu dou...

    pessoalmente tenho pediatra sensata, que se limita às questões de saúde e me ajuda muito a relativizar os meus stresses.

    na minha prática clínica faço o mesmo. é tão bom dar poder às pessoas quando elas não sabem que o têm...

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