segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Entrevista a Adelaide de Sousa - Amamentação, vivência e opiniões



 
A Amamentação, na nossa sociedade, está associada a mitos, crenças e expectativas irrealistas. No Brasil, muitas figuras públicas dão a cara por esta causa, ajudando assim a desmistificar “falsas verdades” e a mudar mentalidades. Por cá é raro.
Adelaide de Sousa, apresentadora e actriz, é das poucas figuras públicas que, em Portugal, assume publicamente a sua opção de amamentar e as suas opiniões sobre o assunto. Tem estado emocionalmente ligada à SOS Amamentação e à La Leche League, e ainda à Mamar ao Peito, desde de que fez dois programas no antigo Mundo das Mulheres (sobre amamentação e amamentação prolongada), onde se discutiam mitos e verdades sobre a amamentação. Diz ter ficado consciente de que há muito a fazer para ajudar a esclarecer as pessoas acerca do assunto.
Tem 42 anos e um filho, Kyle, de 28 meses. Foi amamentada até aos 5 anos.
Pensei em entrevistar a Adelaide aqui no Nascer Em Ti, pela pessoa que é e porque sei ser alguém que não tem medo de “chamar as coisas pelos nomes”, o que considero uma enorme mais-valia num tema com tantos tabus. Propus-lhe e ela, gentilmente, aceitou.
Aqui fica a entrevista. Obrigada Adelaide.



 
Catarina Santos (CS) - Tens um filho com 28 meses, o Kyle. Como tem sido a tua experiência de amamentação?
Adelaide de Sousa (AD) – Tem sido como eu sempre idealizei, depois de um arranque um pouco atribulado, por não estar à espera de ter tanta dificuldade aquando da subida do leite. No hospital dos SAMS tive uma experiência mista - conforme o enfermeiro que estava de serviço, tinha recomendações diferentes: para mudar de maminha, para fazer intervalos de no mínimo 2/3 horas, para agarrar na cabeça do bebé a fim de o ajudar a chegar ao mamilo... tudo errado. Mas depois entrava outro e dizia que era a pedido, e para massajar as maminhas antes de dar de mamar para combater o ingurgitamento, para levar o bebé ao peito e não o peito ao bebé... tudo certo. Depois de muito choro, aprendi a ter calma, respirar fundo e ter fé que o meu ideal iria cumprir-se. Agora, tudo calmo - é rotina, é prazer, é às vezes também um sacrifício (à noite), mas estou a cumprir aquilo em que investi: uma melhor saúde para mim e para o meu filho. Já nem os olhares de surpresa quando dou de mamar a um miúdo grandito me fazem esmorecer, nem sinto já necessidade de justificar nada perante os outros. Se me chateiam muito, não discuto, digo-lhes que se informem melhor sobre o assunto.

 
CS - Tiveste algumas dificuldades no início? Contaste com a ajuda de quem?
AS – Tive as que descrevi, mas teria sido bem pior se não tivesse ficado no hospital durante a descida do leite. Infelizmente as mulheres saiem muito cedo da maternidade, estou em crer que seria bem melhor ficar até o leite estar a fluir normalmente, pelo menos 4 dias. Graças a Deus tive o apoio do meu marido, que constantemente reforçava a ideia de que eu iria ser capaz de ultrapassar cada obstáculo, e felizmente que tenho também amigas conselheiras de amamentação, para além de uma irmã que é enfermeira especialista em amamentação, que me trouxeram informação e conforto, que me ajudaram a acreditar que eu seria capaz de aprender a dar de mamar e a deixar que o meu filho também aprendesse a tirar o que precisava do meu peito. Amamentar é natural, mas não é inato. Deveria dar-se muito mais atenção a isto nas aulas de pré-parto em geral - aliás, se está grávida e ainda não fez a preparação, procure um curso que tenha em atenção a amamentação e suas dificuldades.




CS - Pensas amamentar até quando?
AS – Até deixar de ser um prazer, para mim ou para o Kyle. Quando não quiser mais, não quer, quando eu não quiser mais, acabou. Não tenho uma idade definida, na minha cabeça, será gradual, mas logo se verá. Agora, sei que se for só por vontade dele, vou sentir-me bastante...


CS - Vens de uma família com história de amamentação, tu própria foste amamentada até aos 5 anos. Consideras que isso contribuiu, de alguma forma, para a tua decisão de amamentar?
AS – Sem dúvida. O meu avô foi amamentado até aos 7 anos - havia até um famoso banquinho para dar de mamar ao rapaz - eu até aos 5, o meu irmão mais novo até aos 4. Curiosamente, os meus 3 irmãos mais velhos, que nasceram na civilizada África do Sul dos anos 60, mamaram pouco tempo, mas assim que a minha mãe foi para Moçambique, onde nascemos nós os mais novos, a duração da amamentação aumentou. Abençoada África! Estou em crer que a actual crise da amamentação tem uma das causas na falta de bons exemplos na família. Se juntarmos a isto uma excelente e eficaz campanha de desinformação por parte dos fabricantes e leite artificial, um Mundo em que as mulheres raramente podem deixar de trabalhar para estar com os filhos, acrescido de uma ideia estranha de que recuperar a amamentação é voltar atrás na emancipação feminina, e ainda uma classe médica mal-informada sobre este assunto... temos a receita para o desastre.
 
 



CS - No que respeita à atitude da nossa sociedade face à amamentação, qual a tua opinião?
AS – Bom, começou por se fazer supressão de leite ainda na maternidade (!) nos anos 70 - e temos sorte, porque nos EUA foi logo nos anos 50 - depois lá se deu uma abébia e disse-se que devia ser uns mesitos, e agora é conforme sopra o vento, ou as folhas do chá... é uma pena que pareça não haver rei nem roque nesta coisa do apoio à amamentação nos hospitais portugueses. Cometem-se autênticas barbaridades, e com uma grande impunidade. O marketing dos leites artificiais, por seu turno, está-se nas tintas para o código de ética da publicidade - até porque ele não é vinculativo - e continua a fazer crer que dar de mamar ou dar um leite artificial é praticamente igual. As diferenças, se fossem conhecidas pela população em geral, fariam empalidecer o mais acérrimo defensor leigo do aleitamento artificial. Digo leigo, porque médicos e enfermeiros têm obrigação de conhecer a verdade sobre estes produtos, mas parecem escolher ficar alheios, ou pura e simplesmente perpetuar uma quantidade de tretas que lhes venderam na faculdade nos anos 80. Claro, se os profissionais de saúde preferem ter a cabeça debaixo da areia ou assobiar para o lado, como é que o público em geral pode entender as diferenças? Aliás, mesmo os que as conhecem ficam frágeis quando, por exemplo, vão a uma pediatra que lhes diz que só se dá de mamar 15 minutos em cada mama, e com horário rígido, para a mãe não ficar escrava do bebé! Pode?? Isto é verídico, e fico tão furiosa que me apetece começar uma lista negra de pediatras, para evitar que muitos de nós dêmos dinheiro que custa a ganhar a gente que não se interessa pela saúde dos nossos filhos. Para responder directamente à pergunta, acho que de uma maneira geral as pessoas sabem que devem dar de mamar, mas encontram tanta ignorância e obstáculos, internos e externos, que se deixam convencer que tanto faz dar leite artificial ou leite humano...


CS - O que dirias a uma mulher que acabou de dar à luz, no que respeita a este grande tema que é a amamentação? Quais os conselhos que consideras mais valiosos?
AS - Diria que espero que tenha tido tempo e informação útil antes do parto para aprender o mais possível sobre como e porque dar de mamar... mas se não o fez, respire fundo, acalme-se, centre-se bem no seu corpo e no seu desejo de dar o melhor que tem ao seu bebé. Tenha esse pensamento como linha condutora, e não os comentários da mãe, da vizinha ou da colega de trabalho. Acredite que você é capaz, e que é um investimento no seu bem-estar futuro e no do seu filho. Acredite que foi maravilhosamente feita também para dar vida, e que isto não acaba com o parto: no seu leite vão nutrientes, anti-corpos, um cocktail absolutamente inimitável, onde não falta amor como nunca o conheceu antes. Como substituir esse amor por gordura e açúcar, misturados com umas quantas vitaminas? Como substituir o seu peito por uma garrafa de plástico? Rodeie-se de quem apoia o seu sonho e deixe os outros de fora, crie uma bolha onde só cabem você, o seu filho e quem acredita consigo que vale a pena semear para colher. Ah, muito importante: FUJA de profissionais cheios de "nuncas" e de "jamais", porque fundamentalismos existem dos dois lados da barreira, e só ajudam a desvalorizar a sua individualidade. E por último, mas não menos importante, se se sentir esmorecer, se nada do que lhe dizem faz sentido, ligue para a SOS Amamentação, para a La Leche League, ou contacte no Facebook com grupos como o Mamar ao Peito, que estão sempre prontos a ajudar quem precisa. Mas tem de pedir... o isolamento é o seu maior inimigo.

24 comentários:

  1. Muito bom.
    Parabens pela entrevista, parabens á entrevistadora e parabens a todas nós, que contra tudo e contra todos continuamos a amamentar.
    Li
    (a amamentar há 21 meses)

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  2. Obrigada Pela entrevista! Gostei bastante ;)

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  3. Prabéns Catarina, gostei muito. E parabéns à Adelaide e ao Klyle.
    joana (a a amamentar há 35 meses)

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  4. Lindo, lindo.
    Será que é assim tão difícil passar esta mensagem a todas as mulheres que querem amamentar, a todos os profissionais de saúde que trabalham na área da saúde materna e saúde infantil.
    Todos nós profissionais somos responsáveis pela saúde futura das nossas crianças e das suas mães.
    Vamos trabalhar para isso e comecemos na nossa CASA.

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  5. Adorei a entrevista!
    Amamentei gémeas durante 9 meses(já sinto saudades) e se o fiz foi porque me convenci a mim mesma que o ia fazer. Mesmo depois de me dizerem que é impossível! Foi possível! Tive profissionais de saúde que me ajudaram, mas também tive alguns que quase me chamaram negligente,porque não cresciam o que estava mo percentil(chapa 5). O que mais me angustia é haver Médicos e Enfermeiros que são os primeiras a defender o leite artificial e a dar a entender às mulheres que não vão ser capazes. Precisamos de médicos e enfermeiros com uma Cadeira Anual de AMAMENTAÇÃO na faculdade.
    Como costumo dizer, as mulheres nasceram para Amamentar e nós somos uma máquina, mas precisa de ter apoio de Profissionais direcionados para uma coisa tão natural como a amamentação!

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  6. Muitos parabéns! Fazem falta mais profissionais (bem informados) e sobretudo devolver às mães a segurança de que sabem o que é melhor para os seus filhos. Comprei biberons antes do 1º filho, nunca usei, o meu instinto disse-me que mamar é que era certo...amamentei 2 filhas (2 anos uma e 3,5 anos a outra)...adorámos!! E amamentar é mais que alimentação...é amor!

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  7. Adorei a entrevista!!! Eu tb continuarei a amamentar a minha filhota de 28 meses até que ela queira...contra tudo e contra todos (até mm médicos...)

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  8. Há exactamente 34 meses qe amamento e será enquanto a minha princesa quiser, é um momento a duas que não tem explicação.

    Isabel e Sofia (34 meses9

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  9. Parabéns pela entrevista e parabéns à Adelaide por ser tão genuína. Eu sou pela amamentação em todo o lado a qualquer hora. Descobri no FB uns lenços de amamentação fabulosos da Nutribebé que me permitem amamentar em público sem qualquer constrangimento.

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  10. Muitos Parabéns pela entrevista e à Adelaide pelo testemunho genuíno e sincero e pela coragem que teve para ultrapassar todas as dificuldades que encontrou. A grande descoberta está em encontrarmos resposta em nós próprios e nos nossos filhos. Sou enfermeira especialista em saúde materna, conselheira em amamentação e voluntária na linha sosamamentação e concordo efectivamente com as incongruências dos profissionais de saúde. Obrigado ainda pelo voto de confiança depositado na linha Sosamamentação. É sempre bom para nós que nos dedicamos de coração e voluntariamente a esta causa e vermos o reconhecimento do nosso trabalho.

    Um beijinho para todas as mães que lutam por aquilo que desejam e para as outras que se enchem de força para lutar.

    Sofia Oliveira

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  11. Parabéns pela entrevista, e aproveito para informar a existência de um novo projecto da AJUDA DE MÃE , o VAMOS DAR DE MAMAR, que apoio todos aqueles que solicicitarem o seu apoio em espaço próprio ou ao domicilio, consultem o site www.vamosdardemamar.org

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  12. Excelente! Fico muito feliz por saber que afinal ainda há muitas mulheres que ignoram as "modernices artificiais" da sociedade de hoje e fazem questão de aprender tudo o que gira à volta da amamentação. Nâo é um processo simples e nunca é fácil, mas com persistência, paciência, dedicação e muito amor, consegue-se. amamnetei 3 crianças, são todos ainda pequeninos e se volta-se atrás investia ainda mais, aprendia ainda mais para prolongar esse bem tão precioso que é a AMAMENTAÇÃO. Bem hajam minhas lindas

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  13. Gostei imenso da entrevista, concordo totalmente com as palavras da Adelaide e vou divulgar: há tantas mães que sofrem com a desinformação generalizada sobre a amamentação! Acho fantástico que uma figura publica como a Adelaide ajude esta causa com esta excelente entrevista, e que a Catarina a tenha proporcionado. Obrigada às duas!
    Mariana
    ps - Amamentei a abobrinha até aos 20 meses e a ervilhinha já há 2 :o)

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  14. Adorei!!! tenho uma menina de 21 meses e ainda amamento, é tão bom !!!

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  15. Eu não tenho duvidas de que amamentar é o melhor para qualquer criança, e que nenhum leite artificial consegue substituir o leite materno. É assim que a natureza manda, é assim que é suposto ser.
    Mas onde é o limite? Quando é que é tempo de dizer que já chega? Se retirarmos os exemplos da natureza não deveríamos deixar de dar de mamar assim que o filho já consegue alimentar-se "sozinho" com a introdução dos sólidos? Não somos o mamífero que dá de mamar durante mais tempo? Pergunto porque vou ser mãe pela primeira vez em Fevereiro e tenho muitas duvidas como todas as mães.
    Obrigada

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  16. Muito bem! Parabéns!
    Vou partilhar, partilhar, partilhar! Adorei as fotos!

    Júnia
    Enfermeira Parteira - Mãe de 2 filhos amamentados com muito prazer até quando Deus quiser!

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  17. Amamentar é sem dúvida um prazer e, o melhor para a saúde da mãe e do seu filho.
    Sou profissional de saúde e sempre incentivei a amamentação às mamãs que estiveram aos meus cuidados na Maternidade.
    Eu própria tive o privilégio de amamentar a minha filha mais velha enquanto estava grávida do meu filho mais novo e, este mamou até aos 3 anos e 6 meses.

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  18. Parabéns pela entrevista!
    Mais um passo na desmistificação da amamentação! Basta, já é hora que este assunto não continue a ser tratado como "menor" aos olhos da comunidade médica, incentivando a um retrocesso na prestação dos cuidados fundamentais de saúde a um recém-nascido e sua mãe.
    Sou mãe há 7 meses e amamento o meu filho. Farei o que considero ser o melhor para ambos enquanto ambos estivermos felizes. É sem dúvida um privilégio poder partilhar estes momentos únicos com ele e jamais permitirei que me digam o contrário!

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  19. Gostei da entrevista, só fico um pouco triste porque eu nao consegui amamentar... Tive um bebe prematuro que nao tinha força pra comer, tive de tirar leite com a bomba e claro está, acabou por secar pois nao era o bebbé a puxar. Acresdito que a amamentaçao seja o melhor, mas entristece-me quando se rebaixa as mamãs de biberon, as crianças de biberon nao ficm mais fracas por isso, nao ficam mais ou menos doentes! Eu propria fui bebe de biberon e o meu irmao bebe de mama e ele sempre foi mto mais doente que eu. Acho que nao podemos generalizar nem dizer que o aleitamento é terrivel, porque nao é... no meu caso teve de ser, com muita pena minha, mas tb me entristece que certos defensores nao compreendam as razoes que levam muma mae a dar biberon a um bebé e tratem o tema como se fosse uma coisa horrivel que estamos a fazer.
    Beijinhos

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  20. Obrigada!
    Respondendo ao último comentário (anónimo), penso que quem defende a amamentação não condena quem não consegue amamentar, mas sim a falta de conhecimentos da maioria dos profissionais de saúde, que não conseguem, na maioria dos casos, ajudar devidamente as pessoas. E isso é triste e revoltante!
    Por exemplo, relativamente ao problema que refere que teve, teria sido resolvido com o apoio correcto de alguém entendido na matéria, mas provavelmente o seu pediatra não o soube fazer, nem a soube encaminhar para alguém competente.
    Infelizmente, não é possível falar dos benefícios da amamentação, sem falar nos riscos do leite artificial, o que não quer dizer que seja "horrível" (como diz) alimentar um bebé com leite artificial, claro.
    Tudo de bom! Um beijinho

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  21. Gostei muito, parabens!
    Eu pessoalmente acho que cada um tem de seguir os seus instintos e fazer o que acha certo!
    E tenho pena que hajam mulheres que querem e nao podem amamentar!
    Mas que ha maes que nao amamentam porque nao querem, e verdade! Quando ainda estava gravida, uma amiga que ja tinha um bebe de 6 meses, acho eu, disse-me que eu podia deixar de dar mama antes dos seis meses (aqui em londres a amamentacao e aconselhada exclusivamente ate aos 6 meses) se eu quisesse! Que ela deixou de amamentar aos 5 meses porque ja nao tinha roupa que lhe servisse e deixou bem claro que para ela era um tedio e que as midwives aqui a chatearam bastante, mas ela nao quis saber!! Eu na altura, nem disse nada, nao sabia como ia ser comigo, mas achei estranho!!! E cada um faz o que quer! Quando nasceu a Julia, tive no hospital muito pouquinho tempo, nem um dia, mas tive logo de manhazinha uma pessoa a ajudar e dar-me informacao, gostei, depois veio outra pessoa ca em casa! Informacao aqui nao falta, e eles incentivam bastante a amamentacao, pelo emnos ate aos 6 meses! Apesar disso tudo, nao foi nada facil para mim tambem.... a Julia nao pegava bem na mama, sofri! Tive 3 mastites num mes, uma delas deu direito a internamento de 3 dias, mas eu fui me mala aviada com a minha bomba e tirava leite com 40 graus de febre (que espantou as enfermeiras quando eu lhes dizia o que ia fazer, acharam que eu era maluca) pois entrei em panico so de pensar que o meu leite podia secar! A Julia ia la com o pai para mamar na mama boa!
    Sofri bastante, durante bastante tempo, mas nunca desisti de amamentar, porque nao queria, sabia que nao era o melhor para a minha filha e achei que nao era razao suficiente para isso!
    Hoje ela tem 19 meses e mama bastante ainda, o que a mim me agrada, a ela tambem, ouco comentarios, aqueles tipicos, "isso ja e vicio" e etc!! Adoro amamentar e nem consigo imaginar a minha vida sem isso, acho que fui um bocado dratica agora :)! Felizmente passo bastante tempo com a Julia, mas mesmo quando trabalho ela mama, quando chego, pronto!
    De noite quando ela acorda, tambem, nao me agrada muito, mas pronto, faz parte :)
    Sinto-me feliz por amamentar, faz parte de mim e e isto e uma sensibilidade que tem de estar dentro da pessoa, e o que eu acho! Tenho amigas que amamentaram pouco e quando acabou, acabou, pronto, a mim fazia-me e faz-me confusao quando penso nisso, pois e algo de mim, nao sei... e um sentimento muito especial que tenho com amamentacao!
    Ana

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  22. Adorei ler esta entrevista. Dou de mamar há 10 meses e meio e só quero parar quando a minha filha ou eu deixarmos de gostar. Concordo que o início é muito complicado, especialmente por causa da desinformação que os profissionais de saúde prestam. No meu caso foi particularmente difícil porque a minha filha foi (e é) um daqueles bebés que teima em não seguir as curvas e não aumenta de peso como os médicos acham normal; por isso, apesar de bem informada, estava muito vulnerável a todo o tipo de opiniões negativas. Felizmente ultrapassámos tudo e hoje estou imune a todo esse ruído.
    Algumas das coisas mais escandalosas que ouvi de pediatras foram que tenho de deixar de dar mama para a minha filha comer melhor (é verdade que ela come pessimamente; quanto a mim, ainda bem que tem a mama, se não é que ficaria subnutrida); e que dar de mamar depois dos 12 meses não é necessário e que se o fizermos parecemos ciganos (sim, isto mesmo, uma inverdade científica aliada à mais pura discriminação). Para já não falar dos tradicionais "20 minutos de 3 em 3 horas"...

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